Há dois momentos marcantes no dia: o anoitecer e o amanhecer. Nada a ver com o movimento de rotação da terra, nem com a mudança de comportamento dos seres vivos na presença, ou ausência, da luz. Em geral, as noites costumam ser mais suaves que as manhãs. Não estão em foco aqui os dias calmos e as noites de aflição, nem os notívagos, que são uma exceção, assim como os trabalhadores noturnos. Em geral, a noite traz em seu bojo a paz, o aconchego e a ilusória sensação de agenda cumprida. A manhã é sempre uma incógnita: agita a alma, aponta tarefas, preocupa com seus desafios e responsabilidades rotineiras. A noite é tolerante, respeita limites; é boêmia e ilude com a sensação de grandiosidade. A alvorada antecede a manhã e, ao contrario do crepúsculo, nos alerta, exige e desperta. E, quando o ocaso chega, a mente relaxa e, mesmo sem cumprir todas as tarefas exigidas pelo cotidiano, o ser se entrega e posterga. O corpo acolhe a alma e pode até dormir em paz. Dizem que, no paraíso, o homem não conhecia o cansaço, mas não conhecia também a ternura do repouso e do silêncio. Não se questiona a beleza dos dias ensolarados, nem do efeito maravilhoso da luz sobre a natureza. Mas é a noite, com sua ausência de luz, que prepara o espetáculo da aurora. E, mesmo o poeta, quando diz que a noite é triste, reflete e se entrega no final: “a noite é curta para quem dorme; a noite é longa para quem vela. Quem vela sabe que a noite é triste; quem dorme sonha que a noite é bela” (J J Leandro).
5 de abril de 2008
Alvorada e Crepúsculo
Há dois momentos marcantes no dia: o anoitecer e o amanhecer. Nada a ver com o movimento de rotação da terra, nem com a mudança de comportamento dos seres vivos na presença, ou ausência, da luz. Em geral, as noites costumam ser mais suaves que as manhãs. Não estão em foco aqui os dias calmos e as noites de aflição, nem os notívagos, que são uma exceção, assim como os trabalhadores noturnos. Em geral, a noite traz em seu bojo a paz, o aconchego e a ilusória sensação de agenda cumprida. A manhã é sempre uma incógnita: agita a alma, aponta tarefas, preocupa com seus desafios e responsabilidades rotineiras. A noite é tolerante, respeita limites; é boêmia e ilude com a sensação de grandiosidade. A alvorada antecede a manhã e, ao contrario do crepúsculo, nos alerta, exige e desperta. E, quando o ocaso chega, a mente relaxa e, mesmo sem cumprir todas as tarefas exigidas pelo cotidiano, o ser se entrega e posterga. O corpo acolhe a alma e pode até dormir em paz. Dizem que, no paraíso, o homem não conhecia o cansaço, mas não conhecia também a ternura do repouso e do silêncio. Não se questiona a beleza dos dias ensolarados, nem do efeito maravilhoso da luz sobre a natureza. Mas é a noite, com sua ausência de luz, que prepara o espetáculo da aurora. E, mesmo o poeta, quando diz que a noite é triste, reflete e se entrega no final: “a noite é curta para quem dorme; a noite é longa para quem vela. Quem vela sabe que a noite é triste; quem dorme sonha que a noite é bela” (J J Leandro).
Publicado por ELCE en 18:41
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4 comentarios:
Y sin embargo la noche es a menudo morada del desasosiego.
De siempre el sol ha sido asimilado a un padre y la luna a una madre. Ambos necesarios, ambos temibles, ambos amables,...
Tanto já se falou do dia e de sua beleza, mas a noite parece mesmo embalar e ninar os nossos sonhos e talvez seja o único momento em que nos é permitido o abrigo, a paz e a sensação de poder e querer estar novamente seguro, novamente aconchegado, novamente sentir proteção semelhante à segurança do útero materno!
O texto nos abriga, a nós, notívagos, que somos filhos e amantes da noite e a ela rendemos mil homenagens. Uma noite velada é triste e bela, e é nela que passeiam, silenciosos, os poetas insones.
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