18 de mayo de 2008

Uma questão de gosto


Gosto não se discute! Sei que essa frase é lugar-comum, mas hoje me serve de tema. Gosto não se discute? Tudo se discute: futebol, religião, política, beleza, cinema, literatura e ... gosto. É natural do ser humano discutir. Basta uma roda de amigos, um tema em pauta, uma cerveja gelada, e haverá papo para “mais de metro”. O proprio gosto é um tema polêmico: por que gostamos de algumas coisas e não de outras?
David Hume, filósofo escocês, define o gosto como um ato do espírito, pelo qual alguma coisa agrada ou desagrada. Diz que gostar é sentir o belo e o feio. E que tal sentimento não é passivo, posto que engendra o mundo da beleza e da feiúra. E, sendo assim, tem um forte parentesco com a imaginação.
E, ao admitir, afinal, que o gosto anda de mãos dadas com a subjetividade, diz que “a beleza só existe no espírito que a contempla e que cada espírito percebe uma beleza diferente”. E chega ao extremo de tentar estabelecer normas e padrões artísticos aceitáveis para o gosto, sugerindo a arte como terapêutica. Ou seja, entende que o gosto pode ser trabalhado e cultivado.
Não sei se cabe chegar a tanto, mas, de fato, nada pode ser mais pessoal do que a reação provocada pela Arte. Assim, fica difícil basear o interesse por uma manifestação artística simplesmente pela opinião de um crítico de arte, ou obedecer cegamente à indicação de um amigo bloguero, quando sugere, com a melhor das intenções, que deixemos o cinema na parte “x” de um filme. Em teoria, a história de vida de uma pessoa sempre responderá pelo seu gosto pessoal. Talvez, para alguns, de acordo com suas histórias e vivências, ali estivesse o melhor do filme e a identificação com a obra.
Podemos concluir, então, que mesmo o gosto, sendo uma coisa extremamente subjetiva, pode ser analisado e discutido. Não precisa ser explicado, posto que é pessoal e intransferível. Caso haja alguém com gosto parecido com o seu, encare como sorte e compartilhe experiências. Do contrario, é melhor discutir o tema democraticamente, mostrar o ponto de vista, ir ao cinema e ver o filme até o fim, e depois dar a mão à palmatória, ou não.

3 comentarios:

ELCE dijo...

Tomo nota, amiga Lu. Tu amigo bloguero.

Anónimo dijo...

Gosto não se discute? Vale ler esse comentário, que tenta provar o contrário. É da controvérsdia que surge a luz e ninguém é especialista nos sentimentos humanos nem possui a verdade sobre determinada obra de arte. Se a censura é detestável, o patrulhamento ideológico também o é! Aqui no Brasil sabemos bem disso! Abaixo aqueles que querem nos impor verdades e abençoados os que desejam discuti-las, como Popper propôs como método de crescimento há cerca de 100 anos.

Anónimo dijo...

Penso que há um gosto em comum dos "blogueros" deste site: o gostar de arte e cultura. E como é maravilhoso compartilhar gostos e textos...